Sol de menos leva à carência de vitamina D. Sol demais causa câncer de pele. Como encontrar o equilíbrio para ter uma exposição solar satisfatória para produzir a vitamina sem prejudicar a pele?
A vitamina D é um hormônio produzido a partir do colesterol quando nossa pele é exposta aos raios ultravioleta B (UVB). Apesar de ser possível encontrá-la em alimentos como óleo de bacalhau, gema de ovo e fígado, é difícil obter a quantidade mínima recomendada dessa forma. Para sintetizá-la no organismo, é necessário expor uma área equivalente a 10 cm2 de pele ao sol, sem proteção, por 10 a 20 minutos, diariamente ou a cada dois dias. Uma boa dica é caminhar ao ar livre com braços e pernas descobertos. O problema é que é justamente no horário mais danoso para a pele (entre 10h e 15h) que os raios UVB atingem a maior intensidade para que esse processo aconteça de forma mais eficaz.
Daí, surge o dilema: tomar sol sem proteção para sintetizar esta vitamina ou proteger a pele dos efeitos da exposição à radiação ultravioleta? A melhor forma de equilibrar o custo-benefício é expor uma área equivalente a 10 cm2 de pele ao sol, sem proteção, por 10 a 20 minutos, diariamente ou a cada dois dias. Uma boa dica é caminhar ao ar livre com braços e pernas descobertos. Embora o horário mais eficaz para a fabricação seja entre 10h e 15h, esse é o período de maior risco para câncer de pele. Por isso, o meio-termo é optar pelos horários antes das 10h ou depois das 16h.
Por que a vitamina D é importante
A presença da vitamina D no organismo é importante para garantir a absorção de cálcio e, assim, a saúde dos ossos, além de auxiliar funções metabólicas, musculares, cardíacas e neurológicas, que ajudam a manter os níveis de cálcio e fósforo no sangue, regulam o crescimento celular e protegem contra a hipertensão, alguns tipos de cânceres (colo do útero, mama, próstata e ovário) e doenças auto-imunes.
A deficiência desse nutriente em crianças pode prejudicar o crescimento, causar raquitismo e deformações ósseas; nos adultos, principalmente mulheres pós-menopausa e idosos, pode levar à osteoporose, osteomalacia (fraqueza nos ossos), favorecer o aparecimento de fraturas espontâneas ou não e doenças como a depressão. Já o excesso pode danificar o rim por calcificação e formação de cálculos (pedras), além de reduzir sua função.
O acompanhamento médico é crucial para acompanhar os níveis individuais de vitamina D.
Vitamina D X câncer de pele
Tomar sol demais faz mal para todos os tipos de pele. No entanto, as chances de desenvolver câncer de pele são maiores em quem se expõe ao sol de forma intensa e desprotegida ou tem as seguintes características: pele clara, sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros, mais de 50 anos, doenças que levam à depressão da imunidade, histórico familiar de câncer da pele — quem faz parte desse grupo nunca deve tomar sol sem proteção.
Além de aumentar o risco de câncer, as radiações ultravioletas do sol, favorecem queimaduras solares, catarata, degeneração da retina, manchas, alterações na espessura e enrugamento da pele. A radiação UVA penetra profundamente na pele é a principal responsável pelo fotoenvelhecimento e pelo câncer da pele. Para se ter uma ideia, mais de 180 mil tumores cutâneos são diagnosticados por ano no Brasil. Seu comprimento de onda é mais longo, com intensidade pouco variável ao longo do dia. Já a UVB tem comprimento de onda mais curto e é mais intensa entre 10h e 16h, provoca queimaduras e vermelhidão na pele.
Algumas práticas podem reduzir em até 50% a chance de desenvolver um câncer da pele:
• Evite sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol (rosto, região peitoral e da nuca, colo, braços). Além de deixar a pele amarelada, pode causar ceratoses e manchas.
• Evite tomar sol ou use proteção nos horários de maior radiação UV (10h-15h), ou prefira horários de menor exposição aos raios UVA/B (antes das 10h e após às 16h);
• Conheça o índice ultravioleta da sua região, consultando sites e aplicativos de meteorologia, por exemplo;
• Proteja-se a pele da irradiação direta do sol usando roupas, chapéus e filtro solar;
• Ao escolher o fator de proteção, opte por faixas superiores às recomendadas ao seu tipo de pele, pois existe uma tendência a aplicar menos que a quantidade recomendada pelos testes de laboratório.
Fontes consultadas:
Dr. David Rubem Azulay, coordenador da equipe de dermatologia do Americas Medical City; Dra. Cristina Formiga Bueno, endocrinologista e coordenadora do Centro de Diabetes do Hospital Samaritano Higienópolis; Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial.