O nascimento pelas vias naturais traz uma gama de vantagens para a mãe e o bebê. Veja quais são as condições que permitem aguardar o início espontâneo do trabalho de parto e conheça as alternativas quando o nascimento não puder mais ser adiado
Esperar que o bebê esteja pronto para nascer é a decisão mais favorável à saúde dele. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as cesáreas desnecessárias aumentam em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios na criança. Sem falar no risco inerente à própria cirurgia.
Quando o bebê nasce pela vagina da mãe, entra em contato com bactérias benéficas, que contribuem com a formação do seu sistema imunológico para a vida toda. O organismo materno também entende, com mais facilidade, que está na hora de fabricar o leite, facilitando a amamentação. Além disso, o útero tende a se recuperar de forma mais rápida e eficiente. Só para citar alguns exemplos.
No entanto, não podemos nos esquecer de que o parto adequado é o mais seguro e saudável para a dupla mãe e bebê. As condições de saúde de ambos é que vão ditar o limite até o qual é possível esperar e quando é preciso intervir, seja por meio de uma indução do parto ou de uma cesárea. E a ciência já dispõe de evidências sobre a conduta ideal em cada situação.
“Sabemos que, em gestações de baixo risco, podemos aguardar até a 41ª semana de gravidez. A partir daí, o melhor é internar a gestante para monitoramento e indução, caso ela deseje ter parto normal”, explica o Dr. Guilherme Negrão de Souza, ginecologista e coordenador da Obstetrícia do Hospital Vitória Anália Franco.
Enquanto o trabalho de parto não dá sinais, a gestante é avaliada pelo médico periodicamente, com uma frequência que se torna maior nas últimas semanas. “Durante a consulta, é possível analisar a altura uterina, a frequência cardíaca do bebê, além de estimar o volume de líquido amniótico, a partir da palpação da barriga”, esclarece o especialista.
É esse seguimento rigoroso que permite decidir se é possível continuar na espera ou se é necessário interromper a gestação, por conta de alguma ameaça. Restrição no crescimento do feto, observado durante o pré-natal, ruptura da bolsa, presença de mecônio espesso, que é aquele primeiro excremento do bebê, alterações nos batimentos cardíacos, entre outras condições, sinalizam que não dá mais para adiar.
Gestação de alto risco
Quando a mulher apresenta certas doenças de base ou complicações observadas durante o pré-natal, existe um protocolo mais rigoroso sobre como conduzir o parto.
É o caso das gestantes que sofrem de doenças autoimunes, pressão alta difícil de controlar e diabetes gestacional. Diante de situações como essas, o obstetra faz o possível para manter as condições estáveis e levar a gestação até as 39 semanas, que é quando o bebê está mais preparado para vir ao mundo.
Mas, se houver risco à saúde da mulher ou do feto, é indicado interromper a gravidez, avaliando se é possível tentar uma indução ao parto vaginal ou se é mais prudente apelar para uma cesárea.
O papel da mãe
Quando se aproxima o dia D, a gestante também tem a importante missão de observar os movimentos do bebê, anotar sua frequência e intensidade e relatar ao médico qualquer anormalidade.
“Uma dica é se deitar de lado, após o almoço, e colocar a mão sobre o abdômen. O esperado é que a criança se movimente, pelo menos, cinco vezes por hora”, ensina o médico.