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Muito prazer, Dr. Sílvio Carlos Ferreira

Ortopedista especialista em coluna que atua no ambulatório do Hospital Alvorada Moema, o Dr. Sílvio é também escritor e membro da Academia Santista de Letras. Sua jornada até chegar à medicina é curiosa: antes, passou por escolas de aeronáutica, pois queria ser piloto da FAB – sonho que um problema de vista inviabilizou –, e pela Politécnica da USP. Nesta entrevista, ele fala sobre a profissão, o mercado de saúde e também compartilha memórias de viagens e gostos e predileções. Confira.

Onde nasceu?

Na cidade de São Paulo.

Onde se formou em Medicina?

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, em 1993. Fiz residência em Ortopedia na Santa Casa de Santos e pós-graduação em Coluna na Santa Casa de São Paulo.

Por que quis ser médico?

Quando era garoto, queria ser piloto de caça da Força Área Brasileira (FAB), o que me levou à Escola de Cadetes da Aeronáutica, em Barbacena (MG). Ao final do terceiro ano, fui para a Academia da Força Aérea, que faz a formação de oficiais. Lá, descobri um problema de vista e me informaram que eu não poderia ir para o voo, mas poderia ir para infantaria e intendência. Eu disse: ‘nem morto’. Pedi baixa e prestei Engenharia no Instituto Tecnologia da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. Comecei a fazer o curso, cujos três primeiros anos eram dedicados à formação militar. Mas eu já era um militar e ficaria como um oficial de carreira no quadro complementar. Decidi mudar. Entrei na Politécnica da USP, onde fiquei um ano e meio fazendo Engenharia Mecânica. Como era um aluno carente, eu tinha vários tipos de bolsas. A melhor delas, que a gente tinha de prestar um concurso para conseguir, era a Bolsa de Manutenção, que exigia a prestação de algum serviço de manutenção no campus durante certo período. Escolhi prestar o meu serviço no Hospital Universitário. Nesse meio tempo, já estava ficando meio chateado com a Engenharia, que me pareceu algo muito reto e encaixado. Então, prestei outro vestibular e troquei a Poli pela Medicina da Unesp aos 22 anos.

O que o levou a escolher a área de Ortopedia?

É uma questão de perfil. Na faculdade de Medicina eu gostava de todas as especialidades. Mas no 5º ano sofri um grave acidente de carro junto com dois colegas que faleceram. Levando em conta o estado que fiquei, não era para eu ter sobrevivido. Fui levado para o hospital da Unesp, onde fiquei internado na ortopedia com muitas fraturas. Foi aí que comecei a entrar na intimidade do mundo da ortopedia. Na grande maioria das faculdades, a ortopedia não é uma carreira óbvia. O ortopedista é um sujeito muito rápido, prático e pragmático, focado em resolutividade. Esse perfil me atraiu. Decidi fazer ortopedia e subespecialização no tratamento dos problemas de coluna.

Como enxerga o mercado de saúde e a profissão de médico atualmente?

É um campo muito vasto. A cada dia aparecem novas áreas em que o médico pode atuar, garantindo espaço para todo mundo. Reclama-se da abertura de novos cursos e da má qualidade da formação, mas para o bom médico, para o profissional que estuda, que se dedica, nunca vai faltar espaço.

Qual seu desafio diário?

Cumprir minha agenda. Sou muito rigoroso com horários. Seja de consultas ou de cirurgias, estou sempre preocupado em cumpri-los.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Poucas pessoas sabem que também sou escritor. Como atuo bastante em Santos, um dia até me convidaram para entrar na Academia Santista de Letras. Escrevo crônicas, contos e poesias, além de artigos científicos e textos de educação do paciente, como o “Manual para pacientes de cirurgia – Coluna vertebral”, escrito em parceria com a psicóloga Claudia Mussa. Em coautoria com Simone D’Angelo Vanni, publiquei “Se nossa Botucatu falasse”, um livro de memória dos 25 anos da minha turma de Medicina. Escrevi também o livro “Avatares de um novo tempo”.

Qual qualidade mais valoriza em você?

Cumprir o que prometo.

Mudaria algo na sua personalidade?

Queria ser mais tolerante.

Tem um livro preferido?

Leio de tudo – dos clássicos até os modernos, da ficção à não ficção.

E filme?

Gosto particularmente de filmes históricos, vinculados a aspectos da realidade. Não aprecio filmes de terror, porque são muito previsíveis. Pensando nisso, um dos fatores que me fez ser médico está relacionado a essa capacidade de previsibilidade. Quando estava na Engenharia, eu dava aula de matemática em um cursinho preparatório para o vestibular. Percebia numa turma de 250 alunos os diversos perfis. Quando contava uma piada, a turma que começava a dar risada no meio era a que ia prestar medicina; a que esperava a piada terminar era a que ia prestar engenharia. Por que isso? O médico tem um raciocínio lógico muito rápido, ou seja, no caso da piada, entende antes de ela terminar. O engenheiro não. Ele é catedrático, quer chegar ao final e conferir se dá mesmo para rir.

Que tipo de música prefere?

Não tenho um gênero predileto. A música em geral é uma arte maravilhosa. Mas há gêneros, como o funk, de que não gosto por conta da educação do ouvido. Não que não tenha funks bons.

Tem algum hobby?

Escrever.

Qual seu sonho de consumo?

É perceber a hora que tenho de parar. Eu, por exemplo, no litoral de São Paulo, fazia 30 grandes cirurgias por mês. Com o passar do tempo, você vai percebendo que não tem a estrutura física para continuar atendendo a essa demanda. Então, começa a buscar formas de manter-se ativo, trabalhando com a mesma qualidade, mas fazendo menos, com menos esgotamento físico.

Tem algum ídolo/personalidade que admira?

Minha esposa, com a qual tive dois filhos – um menino e uma menina, de 21 e 20 anos, que agora estão estudando Medicina.

Qual foi sua melhor viagem?

Foi para Istambul, há cerca de 20 anos. Não morram sem ir para lá. Desde a infância, temos referenciais ocidentais. Mas quando chegamos a essa cidade, encontramos um mundo absolutamente diferente. É uma experiência apaixonante. Você já ouviu falar das barbas do profeta (Maomé)? Do berço de ouro (do Palácio Topkapi)? Estão lá. Na visita a uma cisterna subterrânea que funcionava como reservatório de um dos palácios, vi uma pedra do tamanho de um quarto de apartamento e falei para o guia: ‘estou achando que aquilo parece a Medusa’. Ele respondeu: ‘é a cabeça da Medusa’. Ou seja, os turcos iam à Grécia, roubavam as peças gregas e traziam de navio para usar nas suas construções. Trouxeram a cabeça da Medusa e a colocaram de cabeça para baixo para escorar a cisterna do palácio. É impressionante.

Se não fosse médico, o que seria?

Eu poderia ser qualquer coisa – engenheiro, militar, advogado... Também tenho um vínculo muito forte com a docência. Sempre dei aula. Lecionei em cursinho, em duas faculdades de medicina e fui preceptor de residência. Acho que seria professor.

Que recado daria a um estudante de Medicina?

Olhem a medicina como um sacerdócio. O que significa isso? Você vai trabalhar de graça? Não é isso. Mas você não vai trabalhar visando primeiramente o que vai ganhar. Medicina não é como as outras profissões. O resultado financeiro nunca deve ser o primeiro item do valor do trabalho.

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