Mais preciso, com menos cortes e sangramentos, procedimento preserva mais a banda neurovascular adjacente à próstata e o esfíncter de uretra. Essa opção é preferencial para evitar disfunção erétil e incontinência urinária.
A cirurgia robótica, apesar de ainda não estar incorporada ao SUS, é incontestavelmente o padrão ouro para o tratamento de tumores de próstata que têm indicação cirúrgica, ou seja, para cânceres localizados que não se espalharam para além da glândula masculina.
“Já foi comprovado pela literatura médica que, quando comparada às intervenções laparoscópicas e à cirurgia aberta, a prostatectomia radical robô-assistida provoca menos efeitos adversos”, afirma o Dr. Guilherme Lima, cirurgião urologista e coordenador geral do Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Santa Joana Recife. Segundo ele, com auxílio de tecnologias de imagem mais precisas e de instrumentos controlados milimétricamente por braços robóticos, a cirurgia robô-assistida permite uma resseção mais delicada da próstata e uma preservação maior da banda neurovascular adjacente à glândula, diminuindo as chances de disfunção erétil. Da mesma forma, é menor a possibilidade de lesões no esfíncter da uretra, reduzindo os riscos de continência urinária.
Mesmo com a variedade das séries estatísticas em função da multiplicidade de perfis clínicos de pacientes, os números comprovam os benefícios. “Com a cirurgia robótica, temos uma preservação da função erétil entre 80% e 85% dos casos. Nas séries da cirurgia laparoscópica do passado, tínhamos uma preservação da ordem dos 50%, englobando todos os tipos de pacientes, independentemente da idade”, ilustra o Dr. Guilherme.
A robótica também melhora a preservação da função urinária normal em mais de 95% dos pacientes. “Na laparoscopia, essa preservação já era de 85%, o que não era pouco. Mas assistimos a um incremento considerável com a cirurgia robótica”, pontua o Dr. Guilherme.
Com duração média de 60 a 90 minutos, a prostatectomia radical robô-assistida permite que o paciente permaneça apenas 24 horas no hospital, ou seja, interna e opera no mesmo dia, passa uma noite internado e recebe alta. Por seis ou sete dias, utilizará uma sonda para preservar a costura entre a bexiga e o espaço onde ficava a próstata. Entre 10 e 15 dias já poderá retomar a maior parte das suas atividades, inclusive de trabalho. Três a quatro semanas depois, poderá retornar a práticas mais intensas, como a academia.
Pioneirismo
O Santa Joana Recife foi o primeiro hospital de Pernambuco a adquirir uma plataforma cirúrgica robótica, o da Vinci S1. A prostatectomia radical é o carro-chefe do programa de cirurgia robótica da instituição, iniciado em 2016. De lá para cada, o volume de procedimentos realizados é ascendente.
“Por mês, são realizados, em média, 35-40 procedimentos, com níveis de excelência de desfechos clínicos que colocam o Santa Joana Recife entre os hospitais com os melhores resultados do país”, afirma o Dr. Guilherme. “O grau de maturidade da nossa robótica foi reforçado com o lançamento este ano do programa de fellow direcionando ao treinamento de cirurgiões já formados que fazem o acompanhamento de nossas cirurgias ao longo de um ano”, destaca ele.
O programa de robótica do hospital começou com cirurgias urológicas e bariátricas e atualmente faz também procedimentos de cabeça e pescoço e torácicos. Em breve, passará a realizar também cirurgias de mama, cardíaca, ginecológica, pélvica e oncoginecológica.
Em 2023, o parque robótico do Santa Joana Recife será atualizado. “O Da Vinci S1 supre as atuais necessidades, mas a nova versão permitirá impulsionar outros tipos de cirurgia robótica do nosso programa”, encerra o Dr. Guilherme.