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Muito prazer, Dr. Guilherme Lima

Cirurgião urologista, o Dr. Guilherme é o coordenador geral do Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Santa Joana Recife. Desde que assumiu a função em 2020, imprimiu uma nova forma de gestão que impulsionou o volume de procedimentos robóticos e implantou iniciativas ousadas, como o programa de fellowship de cirurgia robótica. Nesta entrevista, ele fala sobre suas atividades profissionais e temas como importância do treinamento de novos médicos, além de revelar curiosidades da vida pessoal, como o gosto pela prática de jogar futebol e ser torcedor do Santa Cruz, seu time de coração. Confira.

Onde nasceu?

Em Recife (PE).

Onde se formou em Medicina?

Na Universidade Federal de Pernambuco. Formei-me em 1998.

Por que quis ser médico?

Venho de uma família de médicos. Meu pai, um cirurgião vascular, atualmente tem 84 anos e ainda exerce a medicina. Acho que este foi um dos grandes legados que ele transmitiu para a família de quatro filhos, todos médicos. O mais velho é cirurgião-geral, minha irmã é anestesista – atua comigo no meu dia a dia –, e o outro é cirurgião vascular. Eu, o mais novo, optei por urologia.

O que o levou a escolher a área?

A urologia abrange tanto a parte clínica como a cirúrgica, além de ter várias subespecialidades. Tem a área de fertilidade, de oncologia, de endourologia e a parte pela qual sempre me interessei que é a cirurgia minimamente invasiva. Hoje minha especialidade é a cirurgia urológica robótica.

Que aspectos da sua experiência considera importantes para sua atividade como coordenador do Programa de Cirurgia Robótica do Santa Joana Recife?

Estou há mais de 15 anos nessa instituição. Eu respiro esse hospital. Passo mais tempo aqui do que na minha casa. Eu já havia optado por trabalhar em uma única organização e acho que a pandemia, período que atravessamos como uma montanha-russa, serviu para me aproximar ainda mais do Santa Joana Recife e de suas lideranças. Meu interesse por cirurgia robótica e o volume de procedimentos que eu realizava também deram sustentáculo para esse caminho até a coordenação. Estar dentro da instituição, conhecer seus potenciais e acreditar sempre na sua vocação de vanguarda também me permitiram vislumbrar um novo horizonte para a cirurgia robótica. Buscava levar novas ideias para a diretoria, que as encampava visando fazer um choque de gestão nessa área. A ideia era melhorar os nossos números da cirurgia robótica, tanto do ponto de vista dos números absolutos como dos resultados de desfecho. E estamos conseguindo. Depois de quase um ano de coordenação de programa, recebi uma ligação dos superiores da rede Americas perguntando o que estava ocorrendo. Perguntei: por quê? Disseram que nós tínhamos praticamente dobrado o volume de cirurgias por mês. Esse salto chamou atenção da direção. Atribuo esse crescimento ao trabalho de captação de novos cirurgiões, profissionais que tinham potencial para trazer cirurgias robóticas e não robóticas.

Como enxerga o mercado de saúde e a profissão de médico atualmente?

O mercado está um pouco saturado, em parte pelo número exagerado de cursos que foram abertos no país nos últimos anos com critérios às vezes questionáveis. Isso resulta em um aumento enorme de médicos no mercado, mas, infelizmente, a oferta de empregos não acompanha. Diante desse cenário, é importante buscar especialização e subespecialização. Não dá para ficar no lugar comum, no mais do mesmo. Na Urologia, por exemplo, existem muitas subespecializações, e aqui no Estado de Pernambuco existem ainda algumas que são carentes de profissionais. Depois de um ano da minha residência em Urologia, fui logo procurar uma pós-graduação nos Estados Unidos, onde me especializei em cirurgia laparoscópica. Esse meu fellow foi em 2004, no Jonhs Hopkins. Nessa época, tive os primeiros contatos com a cirurgia robótica, mas não imaginava que ela chegaria até onde chegou.

Qual seu desafio diário?

É buscar fazer o melhor para cada um dos meus pacientes. E, fazendo o que a gente gosta, evitamos o cansaço físico e mental.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Como quarto filho de uma família de médicos, decidi fazer medicina só na hora de me inscrever no vestibular. Eu ia fazer engenharia eletrônica, pois gostava muito desse universo das ferramentas eletrônicas. Há quem diga hoje que eu faço cirurgia robótica por conta desse pezinho que eu tinha na engenharia.

Qual atributo mais valoriza em uma pessoa?

Dentro da medicina, meu maior exemplo é meu pai, que sempre procurou respeitar seus pares e os princípios da ética médica. Em relação à cirurgia, ele sempre dizia que é mais fácil indicar do que contraindicar um procedimento. Isso porque muitas vezes o paciente quer ouvir que ele precisa operar porque deposita naquilo a esperança de resolução do seu problema. Porém, alguns pacientes não têm indicação cirúrgica. Quando o médico entende isso e aprende a não indicar uma cirurgia que de fato não tem indicação, ele certamente alcançou um nível de maturidade. Meu pai sempre me ensinou isto: não desrespeite ninguém, não passe por cima de ninguém para conseguir seu espaço. Humildade, respeito e ética são atributos fundamentais.

Qual qualidade mais valoriza em você?

Tenho uma hiperatividade que eu vejo como algo bom. É uma inquietude produtiva. Nunca estou satisfeito com algo que pode ser melhorado. Sempre tento buscar novas ideias para aspectos que possamos melhorar, seja individualmente ou como grupo.

Mudaria algo na sua personalidade?

Assim como tenho uma boa inquietude produtiva, tenho certa ansiedade.

Tem um livro preferido?

A Bíblia.

E filme?

Vejo pouco. Na televisão, só assisto ao futebol.

Que tipo de música prefere?

Sou bem eclético. Gosto das músicas regionais aqui do Nordeste, como forró e o frevo – a música do nosso Carnaval, que representa bem nosso estado. Mas também gosto muito de música internacional.

Tem algum hobby?

Futebol é o meu preferido. Além de jogar futebol de campo, sou torcedor do Santa Cruz. Isso mesmo, um time da quarta divisão! Um sofredor convicto, mas feliz e incondicional.

Qual seu sonho de consumo?

Para ser muito sincero, não tenho hoje grandes aspirações de consumo. Gosto muito de viajar.

Tem algum ídolo?

Meu pai.

Qual foi sua melhor viagem?

Fiz algumas viagens muito interessantes. Duas foram especialmente marcantes. Uma delas foi para a China, para uma feira de equipamentos médicos em Pequim, acompanhando um amigo que trabalhava com artigos médicos. Eu não tinha nada a ver com a feira, mas fui para conhecer o país e a sua cultura oriental, que sempre chamou minha atenção. A outra viagem foi à África do Sul, uma região do mundo pouco explorada e belíssima. Nessa ocasião eu fui a Moçambique. Tinha curiosidade de conhecer esse país de língua portuguesa. Acabei conhecendo algumas ilhas que ficam próximas à capital.

Se não fosse médico, o que seria?

Engenheiro eletrônico.

Que recado daria a um estudante de Medicina?

Persevere, sobretudo quem ainda não conseguiu ingressar no curso. E também busque sempre dar o seu melhor, conhecer a fundo seus pacientes e respeitá-los.

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Hospital Santa Joana Recife